Passei a minha infância em meio a salgadinhos de pacote, bolachas
recheadas, salgados fritos da cantina da escola, refrigerante da máquina que
também tinha na cantina...
É, se você foi criança nas décadas de 80 e 90 e se seus pais davam duro
(como os meus) para pagar a mensalidade de uma escola particular, provavelmente
a hora do "recreio" era assim. Você ainda pode me dizer que não
morreu por causa disso... é eu também não. Mas sei os prejuízos que isso me
trouxe.
Na juventude depois de vários e doloridos episódios de diarreia,
vômitos, dores abdominais que terminavam em síncopes e muitas idas a
emergências de diferentes hospitais descobri que sou portadora da Doença Celíaca, não sei
porque ela resolveu aparecer quando eu achava que tudo estava caminhando bem,
estava concluindo a sonhada faculdade de Medicina Veterinária, tinha o sonho de
fazer um mestrado e seguir com a carreira acadêmica... Mas esse diagnóstico
mudou não só a minha alimentação, e sim a forma de ver e viver a vida.
Após alguns meses do diagnóstico casei, mudei da capital para o interior
e revi planos e metas. Decidi que era melhor ter um filho do que seguir a
carreira acadêmica. Troquei plantões noturnos na clínica por trocas de fralda e
aprendi que a felicidade não estava no ter e sim no aprender a viver.
Hoje me preocupo com alimentação do meu filho, com os
cuidados com a família. Descobri no artesanato uma nova forma de trabalhar e de
amar o que faço.